Sunday, October 7, 2007

Acidente do vôo 1907: pilotos do Legacy fizeram vôo cego

07/10/2007 - 09h46

Brasília - Transcorrido um ano do choque entre o jato Legacy e o Boeing da Gol, que matou 154 pessoas em 29 de setembro do ano passado, os documentos oficiais da Aeronáutica produzidos até agora sobre a investigação não deixam dúvidas: apesar de os controladores terem desempenhado papel "contribuinte" para o acidente, o fator "determinante" da tragédia foram mesmo os dois pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino.

O Inquérito Policial Militar (IPM), que investigou e indiciou os controladores por "displicência" e "falta de diligência", é explícito ao constatar que os pilotos tiveram "conduta omissiva", uma vez que estavam apenas sob "vigilância radar" do controle de espaço aéreo, e não sob "vetoração radar". Isso, em linguagem aeronáutica, quer dizer o seguinte, sem margem para interpretações subjetivas: os controladores brasileiros serviam de ponte de contato e apoio, mas, sob "vigilância radar", "a responsabilidade de navegação é do piloto em comando da aeronave", como diz o IPM.

Oficiais da Força Aérea Brasileira (FAB) listaram alguns pontos da conduta omissiva de Lepore e Paladino, que levavam o Legacy, comprado pela empresa ExcelAire, de São José dos Campos (SP) para os EUA. Os pilotos tinham de seguir o plano de vôo registrado em São José dos Campos e tinham de cumprir as indicações da carta aeronáutica, que é documento obrigatório na cabine de comando. Os controladores foram "displicentes" ao prestar serviços de apoio aos pilotos, dando informações truncadas ou pela metade, mas Lepore e Paladino sempre foram avisados de que estavam voando na condição de "vigilância radar".

O ponto mais objetivo da conduta omissiva dos pilotos norte-americanos diz respeito à comunicação por rádio. Nem eles nem nenhum piloto em qualquer lugar do mundo precisam dos controladores para saber em que freqüências devem posicionar os aparelhos de comunicação. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo.

Fonte: Notícias Uol

http://noticias.uol.com.br/ultnot/brasil/2007/10/07/ult4469u12109.jhtm

Friday, October 5, 2007

Jobim vai discutir desmilitarização do tráfego aéreo

BRASÍLIA - O ministro da Defesa, Nelson Jobim, anunciou ontem, pela primeira vez, que discutirá a questão da desmilitarização dos serviços de controle do tráfego aéreo civil. A polêmica sobre essa medida - principal reivindicação dos controladores - estava encerrada desde que o novo comandante da Aeronáutica, brigadeiro Juniti Saito, assumiu o cargo em fevereiro, e se declarou contrário ao projeto dos sargentos que monitoram os aviões comerciais civis de levar adiante a idéia de desmilitarização do setor, defendida pelo ex-ministro Waldir Pires. "Vamos abrir essa discussão se é caso de desmilitarização, ou não, do controle aéreo", declarou Jobim.

Jobim ressalvou, porém, que "essas coisas não se fazem no afogadilho" e que é preciso discutir o tema "com tranqüilidade, com absoluta paciência para entender o problema do controle aéreo". O ministro disse que não tem "ponto de vista formado sobre o assunto (desmilitarização)", mas examinará a questão e levará para a pauta de discussão a possibilidade "de mediar o sistema, ou seja, de a circulação aérea da aviação civil ficar com os civis, e a defesa do espaço aéreo, com os militares". Esta separação, segundo o ministro, depende de mudança nos Cindactas.

Jobim comentou que, "hoje, o ambiente de trabalho é o mesmo, o ambiente onde se fiscaliza a defesa do espaço aéreo e se decide sobre a circulação da aviação civil no País é o mesmo".

Acidente

Na entrevista, Jobim também rebateu as declarações do presidente da Federação Internacional de Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca), Marc Baumgartner, de que é uma "questão de tempo para que um novo acidente aéreo" ocorra no País e que "a FAB (Força Aérea Brasileira) investiu muita energia para prender e perseguir seus próprios funcionários, sem gastar nenhuma energia para corrigir as falhas em seu sistema".

O ministro da Defesa afirmou que esse tipo de denúncia "não é isenta, porque tem por objetivo político criar um ambiente para resolver questões salariais". Essas afirmações, ponderou, "fazem parte de um jogo político e corporativo para dar apoio aos controladores de tráfego aéreo".

Jobim assegurou que "estão superados" os problemas que levaram os controladores ao motim de 30 de março, quando paralisaram os vôos no País, reivindicando, entre outras medidas, a desmilitarização do setor. Segundo o ministro, a questão dos controladores "está equacionada", "a hierarquia (nas Forças Armadas) foi restabelecida", e os momentos de crise não se repetirão.

O ministro da Defesa anunciou, na entrevista, que será realizada "uma auditoria completa no sistema, uma avaliação externa". E também sinalizou que o fim deste ano, quando há um aumento da demanda no tráfego aéreo, "será mais tranqüilo", porque a malha está sendo ajustada, e isso deverá estar concluído "até o final de novembro".

Fonte: Tribuna Online

http://www.tribuna.inf.br/noticia.asp?noticia=pais05

A Justiça Militar rejeitou pedido de abertura de processo penal contra cinco controladores de vôo envolvidos no acidente da Gol

* A juíza viu falhas técnicas na denúncia.

Um ano após o acidente, a Aeronáutica vai descentralizar o controle do tráfego aéreo.

(O Globo - Sinopse Radiobrás - 03-09-07)

Thursday, October 4, 2007

Jobim diz que ameaça de novo acidente aéreo é jogo político

04/10/2007 - 12h11

LORENNA RODRIGUES
da Folha Online, em Brasília

O ministro da Defesa, Nelson Jobim, criticou nesta quinta-feira as declarações feitas pelo presidente da Federação Internacional de Controladores de Tráfego Aéreo (Ifatca), Marc Baumgartner, que disse que "é uma questão de tempo para que um novo acidente aéreo volte a acontecer no Brasil". Em entrevista a 11 emissoras de rádio, Jobim disse que a declaração não tem isenção e faz parte do "jogo político de apoio aos controladores".

"Esse tipo de manifestação tem um objetivo político de criar um ambiente para resolver questões salariais. A situação técnica dos Cindactas está correta. Os interesses são outros" declarou.

Em reportagem publicada hoje pela BBC Brasil, Baumgartner afirmou que a Aeronáutica "investiu muita energia para prender e perseguir os seus próprios funcionários", mas que não corrigiu falhas no sistema aéreo.

O ministro informou ainda que fará uma auditoria completa no sistema de controle do espaço aéreo. Em relação ao relatório da CPI do Apagão Aéreo da Câmara dos Deputados, aprovado ontem (3), Jobim disse que a comissão não pediu o indiciamento de diretores da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) por questões políticas.

"Uma coisa são as decisões políticas da CPI outras as administrativas. Cabe a mim resolver problemas do futuro. Essas questões de responsabilidade não são funções da CPI, ela pode sugerir ao Ministério Público (o indiciamento) mas não tem condição de condenar ninguém", afirmou.

Jobim negou ainda que seja candidato à Presidência da República. Ele informou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá anunciar uma espécie de PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) para as Forças Armadas, que será elaborado em um ano. O programa deverá contribuir para a autonomia tecnológica do país e estimular a criação de uma indústria de defesa.

Congonhas

Jobim disse que será criado um grupo de trabalho para aumentar a demanda de passageiros no aeroporto Tom Jobim, no Rio de Janeiro, como parte da diminuição de vôos em Congonhas. O ministro afirmou que isso será feito diminuindo as taxas aeroportuárias do Tom Jobim para estimular a venda de passagens nesse aeroporto. Ele admitiu, porém, que a readequação da malha aérea brasileira poderá fazer com que os preços das passagens subam.

" Você aumentará necessariamente os custos (das empresas aéreas) e isso repercute nos preços", disse.

O ministro disse que a malha deverá ser ajustada até o fim de novembro para garantir que o período de férias seja tranqüilo.

Fonte: Folha Uol

http://www1.folha.uol.com.br/folha/cotidiano/ult95u333839.shtml

Tuesday, October 2, 2007

Relatório aponta 11 erros de controladores

Os quatro sargentos e um suboficial indiciados pela FAB poderão ser presos, suspensos ou até expulsos da carreira

IPM também aponta falhas de pilotos do Legacy, mas neste caso não há conseqüências legais, por se tratar de inquérito militar

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Antes mesmo do anúncio do relatório técnico final das investigações sobre o choque entre o Boeing da Gol e o jato Legacy, que matou 154 pessoas, o comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, encaminhou à Justiça Militar o IPM (Inquérito Policial Militar) indiciando cinco controladores de vôo por "materialidade e indícios de autoria de crime" no acidente.
O resultado do IPM, ao qual a Folha teve acesso, indica por que falharam as mais de 20 tentativas de comunicação entre o avião e o controle aéreo de Brasília: a freqüência que o Legacy usava, 125.05 MHz, não funcionava no setor aeronáutico em que o avião voava na região do acidente.
O IPM só indicia controladores e poderá influenciar o processo na Justiça comum que irá determinar as responsabilidades pelo acidente e a discussão sobre indenizações. O comportamento dos pilotos do Legacy, apontado até aqui como um dos fatores principais do acidente, é citado, mas sem conseqüências legais, pois trata-se de um inquérito militar.
O texto, confidencial, foi enviado por Saito à juíza auditora da 11ª Circunscrição Judiciária Militar, Zilah Petersen, em 19 de julho passado. O encarregado do IPM foi o coronel aviador Luiz Claudio Ribeiro da Silva.
Os cinco controladores indiciados estão sujeitos a enquadramento no Código Penal Militar e, portanto, a prisão, suspensão e expulsão da carreira.
São eles os sargentos Felipe dos Santos Reis, Jomarcelo Fernandes dos Santos, Lucivando Tibúrcio de Alencar e Leandro José dos Santos Barros, do Cindacta-1 (o controle aéreo de Brasília), além do suboficial João Batista da Silva, de São José dos Campos (SP), de onde decolou o Legacy.
O relatório, de 77 páginas, reproduz em detalhes e analisa todos os episódios que desembocaram no choque do Boeing com o Legacy em 29 de setembro de 2006, e usa termos como "displicência", "relaxamento", "falta de diligência" e "demora excessiva" para classificar a atuação de controladores.

Pilotos do Legacy
Nas conclusões, foram listados 11 "fatores preponderantes" desencadeados pelos controladores ou pelos pilotos norte-americanos do Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino.
Há referências à "conduta omissiva" dos pilotos, além da citação de normas aeronáuticas para afirmar que o Legacy estava sob "vigilância radar", não sob "vetoração radar", e isso significa que "a responsabilidade de navegação é do piloto em comando da aeronave".
Ou seja: apesar dos erros dos operadores, deveriam corrigir altitude e freqüência, além de notificar a inoperância do transponder (equipamento que informa a posição do avião ao controle e a outros aviões, acionando sistemas anticolisão).
O primeiro erro é do sargento Felipe dos Santos Reis, de Brasília. Não conhecia o plano de vôo, que previa três altitudes até Manaus, e passou a orientação para a torre de São José sem dados importantes sobre rota e nível, dando só a primeira altitude (37 mil pés).
O suboficial João Batista, de São José, conhecia o plano, mas não questionou a orientação de Brasília e a repassou para os pilotos do Legacy citando apenas 37 mil pés e o aeroporto de Manaus. Ele havia sido convocado no IPM como testemunha, mas foi indiciado pois "foi verificado que contribuiu, sobremaneira, para o evento que culminou com a queda do Gol".
A autorização incompleta produziu nos pilotos a "compreensão de que estariam autorizados a voar em 37 mil pés até Manaus", mas eles erraram ao não questioná-la, já que divergia do plano de vôo. Ao passar por Brasília, quando o avião deveria ter baixado para 36 mil pés, porque a altitude na direção Manaus é obrigatoriamente par na chamada aerovia (o Boeing vinha na "contramão" ímpar), nem os pilotos desceram, nem o sargento Jomarcelo ordenou a descida.
Jomarcelo afiançou equivocadamente para seu substituto de turno, Lucivando, que o Legacy estava em 36 mil pés, como no plano de vôo, quando estava, de fato, em 37 mil e na "contramão". Segundo o IPM, ele "teve todas as condições de verificar que a aeronave voava em 37 mil, até que perdesse o sinal do transponder".

Registro alterado
Um dado considerado importante no relatório é que, às 16h26, o sargento Lucivando alterou o registro do nível de vôo autorizado a partir da posição Teres da carta aeronáutica: deveria ser de 38 mil pés, mas ele mudou para 36 mil.
O transponder não emitiu sinais por cerca de 55 minutos e não houve comunicação entre o controle e o Legacy entre 18h51 e 19h48, sem que nenhum dos lados observassem os procedimentos previstos.
Jomarcelo teve "um série de indicações" da inoperância do transponder, como o fim da circunferência que fica na tela do controle quando o aparelho está funcionando, variação de indicação de altitude e surgimento da letra Z entre a altitude real e a autorizada. Nada fez.
Também houve "excessiva demora" de Lucivando em tentar contato com o Legacy. Foram mais de 7 minutos até a 1ª tentativa e, mesmo diante de seis tentativas infrutíferas, levou "nada menos que 19 minutos" para fazer a sétima.
A transferência do controle de Brasília para Manaus, feita pelo sargento Barros, transcorreu "como se nenhuma anormalidade estivesse ocorrendo com a aeronave". Exemplo: disse que o Legacy iria chamar em seguida, quando sabidamente havia falha de comunicação.

Fonte: Folha Uol

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0210200706.htm