Sunday, June 5, 2011

SISTEMISMO ECOLÓGICO CIBERNÉTICO (Edson Paim & Rosalda Paim)

EXTRAÍDO DO LIVRO

Sistemismo Ecológico Cibernético

Autores:

               Edson Paim 

                                   Rosalda Paim

Este livro trata de um paradigma de natureza abrangente, integrativa, holística - o Sistemismo Ecológico Cibernético - que corresponde ao Sistemismo ampliado, construído com alicerce em quatro pilares principais: Teoria Geral dos Sistemas, Cibernética, Teoria da Informação e Ecologia, constituindo-se, assim, uma metodologia de caráter multi-referencial. 

O primeiro capítulo trata do enfoque sistêmico ou Sistemismo, um quadro de referência, baseado na Teoria Geral dos Sistemas, de Lwidg von Bertalanffy. 

O segundo concerne à Visão Ecológica, aspecto que não deve ser negligenciado na abordagem de qualquer sistema, de natureza física, biológica, social ou tecnológica, pois todos eles inter-relacionam e interagem com o ambiente (ecossistema), através de contínuos intercâmbios de matéria, energia e informações entre ambos, afetando-se mutua e continuamente. 

O capítulo terceiro refere à abordagem sistêmica ecológica ou Sistemismo Ecológico, formado pelo acoplamento da Teoria Geral dos Sistemas e da Ecologia. O quarto capítulo aborda a perspectiva cibernética, fundamentada em um ramo do conhecimento, integrante da Teoria Geral dos Sistemas - a Cibernética - definida como a “ciência das comunicações, do comando e do controle, no homem, na máquina e na sociedade”. 

As virtuosidades da Cibernética são ampliadas, mediante a inclusão da Teoria da Informação, no seu bojo. 

O Capítulo quinto procura articular os conceitos Vida, Informação, Entropia e Negentropia e Sistemas Sociais, isto é, a entropia das organizações humanas. 

Entende-se a Entropia como uma tendência no sentido da desorganização e extinção dos sistemas, mas sobre a qual os seus podem exercer esforços no sentido oposto - ação negentrópica - com o fito de evitar sua desestruturação e finitude, objetivando alongar o seu período de existência ou até tentar perenizá-las. 

O sexto Capítulo trata da conjunção da Teoria Geral dos Sistemas, da Cibernética e da Teoria da Informação, ao que designamos Sistemismo Cibernético Informacional e que Morin refere como a “trindade profana”. 

A Cibernética dos Sistemas Vivos é enfocada no sétimo capítulo, referindo-se à existência de mecanismos de controle e de reajustes automáticos (“feedback”) nos organismos vivos e, o oitavo apresenta a Dialética dos Sistemas Vivos, porta de entrada para o nono - Dialética Cibernética, - contendo propostas dos autores, baseadas nos conflitos entre os sistemas e o seu ambiente (ecossistema) e, nos antagonismos existentes entre a entropia e seu par antagônico (dialético) - a negentropia - além de se fundamentar na oposição entre o calor e o frio, entre os processos de oxidação e redução, entre a saúde e a doença e, entre a vida e a morte. Entende-se a entropia como uma tendência universal, inexorável, para o resfriamento, nivelamento energético, para a mesmice, para a catamorfose, indiferenciação, incluindo a morte biológica ou física dos sistemas, enquanto que a negentropia (entropia negativa), representa uma contra corrente à lei geral da entropia. Guillaumaud, em seu livro que se intitula “Cibernética e Materialismo Dialético”, atesta o caráter dialético do mecanismo de retroação ou retroalimentação (“feedback”), um atributo universal dos seres vivos e um dos fundamentos da Cibernética, capaz de reforçar a nossa proposta de uma Dialética dos Sistemas Vivos e, de uma Dialética Cibernética. 

Os nove capítulos referidos, que se pretende estarem inter-relacionados, interligados, entrelaçados, integrados, como uma malha, uma rede, uma teia de idéias, fundamentos, conceitos e princípios, constituem o alicerce do Sistemismo Ecológico Cibernético - o Sistemismo ampliado - constantes dos capítulos X a XII. 

O capítulo seguinte - o décimo - Sistemismo Ecológico Cibernético e Sistemas Sociais refere a uma aplicação prática do paradigma sistêmico-ecológico-cibernético, abordando os sistemas sociais abertos, democráticos, cuja essência é a utilização de mecanismos de “feedback”, capazes de permitir o funcionamento equilibrado, harmônico, em toda a sua plenitude.

Este referencial possui um caráter abrangente, integrativo, holístico, elaborado segundo um paradigma que se inspira no modelo de organização dos seres vivos e dos ecossistemas naturais, sobretudo, na estrutura sistêmica do genoma humano e, no funcionamento cibernético do nosso cérebro, portanto, os atributos da consciência. 

Esta proposta dos autores, cujo objetivo inicial era servir de alicerce ou base filosófica para a Teoria Sistêmica Ecológica Cibernética de Enfermagem, elaborada por um de nós (Paim, Rosalda - 1974), em virtude da sua ampliação, resultou no Sistemismo Ecológico Cibernético, um referencial destinado a atender a propósitos mais amplos. 

  O paradigma sistêmico-ecológico-cibernético proposto é passível de aplicação a todo e qualquer sistema, seja de natureza física, biológica, social ou tecnológica, mercê destes possuírem, como denominador comum, os atributos universais dos sistemas, entre os quais:

1) - os sistemas são conjuntos de partes interligadas e inter-relacionadas, atuando conjuntamente, para a consecução de objetivo característico; 

2) - os sistemas estão inseridos no ambiente;

3) - a totalidade dos sistemas abertos efetua contínuas trocas com o seu ambiente imediato;

4) - Os intercâmbios entre cada sistema e o seu ambiente podem ser sintetizados como trocas contínuas e permanentes de matéria, energia e informações entre um e outro, afetando-se mutuamente, isto é, sofrendo, em conseqüência, influências recíprocas. 

Um determinado sistema, acrescido dos seus arredores, por sua vez, constitui outro sistema, de maior amplitude e, de natureza mista: o conjunto sistema-ambiente, que pode ser designado universo - com u minúsculo - para não confundir com Universo, o sistema cósmico. 

A Teoria Geral dos Sistemas e o Sistemismo Ecológico Cibernético podem ser aplicados tanto ao estudo de uma empresa, de automóvel ou do próprio ser humano, quanto de um município, de um estado, de um país, ou de qualquer um dos seus subsistemas, incluso o respectivo ambiente - também um sistema. 

O que os sistemas apresentam em comum é o fato de compartilharem de características como as de totalidade, abrangência, integralidade e inter-relacionamento entre suas partes integrantes e, de efetuarem intercâmbios de “matéria, energia e informações” com o ambiente. 

O fato de corresponderem a sistemas sintetiza os atributos comuns a todos eles, a menos que se o considere finito. 

O próprio planeta Terra e, mesmo o Universo inteiro, por constituírem sistemas, podem ser visualizados por este prisma, considerando-se, entretanto, que o Sistema Universal corresponde ao único sistema sem ambiente, pois não se pode conceber a existência de algo em seu redor.

Todos os direitos reservados aos autores
copyright Ó by Edson N. Paim e Rosalda C.N. Paim

Saturday, June 4, 2011

Perspectiva Cibernética (Edson Paim e Rosalda Paim)

Fonte: http://saber.sapo.mz/wiki/Perspectiva_Cibern%C3%A9tica (Clique e confira)

PERSPECTIVA CIBERNÉTICA
Edson Paim 
                   
                   Rosalda Paim
A Perspectiva Cibernética é a percepção da realidade através do ponto de vista da Cibernética.
A Teoria de Informações é integrante da Cibernética, enquanto esta é considerada tributária da TGS - Teoria Geral dos Sistemas, cujos atributos são compatíveis e complementares.
Esta tríade, acrescida dos postulados da Ecologia, isto é, da Visão Ecollógica, constituem o Pensamento Sistêmico, Ecológico ou Sistêmico Ecológico Cibernético, que foi elaborado pelos autores para servir de base filosófica para a Teoria Sistêmica de Enfermagem, elaborada por Rosalda Paim, no bojo de Tese de Livre-Docente, defendida em 1974, na PUC-RIO, designada, então, rebatizada como Teoria Sistêdmica Ecológica de Enfermagem, atualmente, Teoria Sistêmico Ecológica Cibernética de Enfermagem.
A Cibernética, além de ser a ciência específica dos sistemas retroativos (auto-reguláveis), parece ser a que bem expressa a idéia de movimento e, portanto, capaz de refletir a concepção dinâmica do Universo, da mesma forma que a Dialética.
Poder-se-ia, de uma maneira simplificada, afirmar que a Cibernética é a ciência da retroação, da retroalimentação, do “feedback”.
A Cibernética, como uma ciência interdisciplinar, provoca um verdadeiro impacto em todas as ciências, embora o fenômeno sociológico, conhecido como "resistência a mudanças" que sempre atrasa o desenvolvimento em qualquer área, tenha retardardado a sua adoção em determinados setores das atividades humanas.
Quaisquer sistemas abertos, para atingir seus "telos", os seus propósitos, os seus objetivos, necessitam de reajustes constantes e, para esta finalidade, é mister o concurso da Cibernética, "a ciência do controle e das comunicações no Homem, na máquina e na sociedade" e, particularmente, de seu conceito de retroalimentação ou retroação ("feedback").
A ênfase que é atribuída à Cibernética e ao seu dispositivo de reajuste (“feedback”) decorre do fato de que uma acurada observação nos leva a concluir que grande número de sistemas sociais, políticos e econômicos, assim como nosso caótico sistema de saúde tem fracassado, sobretudo porque são operados como sistemas fechados, sem mecanismos de reajustes ("feedback"), relegando-se a plano secuntário o exemplo do modelo oferecido pelos sistemas vivos (auto organizadores, auto reguladores e auto reprodutores), que inspiraram a elaboração do Sistemismo Ecológico Cibernético.
“Segundo a física newtoniana que predominou até o fim do século passado, tudo acontecia exatamente de acordo com a lei, num universo compactamente organizado em que todo o futuro dependia de todo o passado. Dela se depreendia uma visão determinística do Universo. Dois físicos, Bolzman na Alemanha e Gibbs nos Estados Unidos introduziram conceitos estatísticos na física e com eles a idéia de um universo probabilístico”, mostrando que a parte funcional da física não poderia furtar-se a considerar a incerteza e contingência dos eventos, como preconiza a estatística, a ciência da distribuição. “O mérito de Gibbs foi o de apresentar um método científico perfeitamente bem definido para considerar essa contingência. Esta concepção teria resultado na primeira grande revolução da física do século XX, na opinião de Norbert Wiener2, fazendo com que a física de nossos dias sustente cuidar não daquilo que irá sempre acontecer, mas antes, do que irá acontecer com esmagadora probabilidade1”.
Apoiado no autor citado, a inovação de Gibbs foi a de considerar não apenas um mundo, mas todos os mundos que sejam respostas prováveis a um grupo limitado de perguntas referentes ao nosso meio ambiente. Sua noção fundamental se referia à extensão em que as respostas que possamos dar a indagações a cerca de um grupo de mundos são prováveis em meio a um grupo maior de mundos. Gibbs formulou ainda a teoria de que essa probabilidade tendia naturalmente a aumentar a medida que o universo envelhecesse. A medida de tal probabilidade é denominada entropia, sendo a tendência característica da entropia a de aumentar.
Wiener3 se propôs a tratar do impacto do ponto de vista gibsiano na vida moderna, tanto através das mudanças que teria ocasionado na ciência ativa, quanto das alterações que, indiretamente, suscitou em nossa atitude para com a vida em geral. Afirma que seu livro encerra um componente filosófico que diz respeito ao modo por que reagimos ao nosso mundo com que nos defrontamos, e o modo pelo qual deveríamos reagir.
De acordo com o aumento da entropia, o universo, bem como os sistemas fechados do universo, tenderiam a se deteriorar e a perder a nitidez, passando de um estado de mínima a outro de máxima probabilidade; de um estado de máxima organização e diferenciação, em que existem formas e distinções, a um estado de caos e mesmice. No universo de Gibbs, o caos é o mais provável. Todavia, enquanto o universo como um todo se tende à deterioração, existem enclaves locais cuja direção parece ser o oposto à do universo em geral e nos quais há uma tendência temporária ao incremento da organização. A vida encontra seu habitat em alguns desses enclaves4.
"Este universo abrange tudo, é tudo e é nada; todos os efeitos participam dele, mas nenhum lhe pertence totalmente. Para caracterizar numa só palavra - é o reino do amorfo. Existe, porém, uma corrente que também abrange tudo, corrente que não importa o que seja, mas que tende a nivelar todas as diferenciações que puderam produzir efeitos: a corrente dos efeitos que desdiferenciam. Diante de nós, no seio do magma, por contingência, realizou-se um efeito que elevou um corpúsculo a um nível diferente do médio. Se as causas deste efeito, porém, não se mantiverem, o corpúsculo projetado a uma diferenciação voltará, fatalmente, à indiferenciação. É a lei da natureza que nivela as diferenciações de potencial, das quedas irreversíveis, da degradação de energia, segundo o princípio de Carnot5 - uma lei que se pode formular assim: cessando as causas que sustem qualquer diferenciação, esta se precipita para um estado de indiferenciação. Esta é a “lei" da famosa função da entropia. Há no Universo mais indiferenciação do que diferenciação, já que as diferenciações que existem são todas suscetíveis de serem niveladas6".
Foi a partir deste ponto de vista, que Norbert Wiener7, matemático e filósofo, em 1948, desenvolve a Cibernética, uma ciência de ciências, destinada a explicar os problemas de controle e comunicações na maquina, no homem e na sociedade. Congregava em seu redor engenheiros de comunicações, neuro-fisiologistas, psicólogos, cientistas sociais e outros especialistas interessados em problemas de controle e comunicações na máquina, no homem e na sociedade.
Ao aderir à concepção de um universo contigente formulada por Bolzmann e Gibbs, Wiener procura levantar todas as influências culturais decorrentes da vinculação à antiga e ultrapassada visão newtoniana do universo físico. Ao transformar a certeza física em probabilidade maior ou menor, Wiener entende a realidade física como um processo permanente de transformação, diferente de um mecanismo de relojoaria, o qual funciona de acordo com coisas e leis que regem tais coisas8.
"Podemos tomar como ponto de partida da cibernética na sua forma atual um artigo profético publicado por L. Couffignal9, em 1938, na Revista Europe. O movimento tomou corpo nos Estados Unidos na véspera da última guerra e deu início sob a forma de investigações médicas, prosseguidas pelo Dr. Rosenbleut, do México, em ligação com N. Wiener e a sua equipe do Massachusetts Institute of Tecnology. A continuação da guerra comprometeu este grupo nas investigações sobre armamentos automáticos, capazes de substituir ou ultrapassarem os combatentes humanos10".
"O termo cibernética foi adotado por Wiener11 no decurso do verão de 1947".
"A palavra cibernética se encontra já em Platãol2, que quatro séculos antes de Cristo se dera conta; entre tantas outras coisas importantes que cuidou o filósofo grego, de que a arte de pilotagem era algo singular. No sentido de que o comando e o controle - a pilotagem - responsável pela condução do barco, das gentes e das idéias - Platão alcançou há mais de 23 séculos um dos âmagos da cibernética como se apresenta hoje, entre nósl3”. Fundamentalmente, comando e controle estão na origem de todo o procedimento cibernético.
A cibernética “teria originado do conjugado de pelo menos cinco ciências: controle automático, matemática, biologia e teoria das comunicações. Desenvolveu a cibernética a partir de estudo comparativo de máquinas e organismos vivos e retornou a biologia, mas continuando simultaneamente no campo na engenharia e novas definições tem sido sugeridas na tentativa de refletir as virtuosidades desta versátil ciêncial4”.
A cibernética surgiu como uma ciência de controle e comunicações, tanto do mundo físico como do mundo biológico e social. É “uma ciência nova, que, como a matemática aplicada, corta transversalmente os entrincheirados departamentos da ciência natural: o céu, a terra, os animais e as plantas. Seu caráter interdisciplinar emerge quando considera a economia não como um economista, a biologia não como um biólogo, as máquinas não como um engenheiro. Em cada caso seu tema permanece o mesmo, isto é, como os sistemas se regulam, se reproduzem, evoluem e aprendem. Seu ponto alto é de como os sistemas se organizaml5".
A cibernética se apresenta como uma ciência de panfrontalidade e transdisciplinaridade e se “propõe a unir diversas disciplinas cientificas através de uma metodologia comum, dentro de uma mesma ética, servindo-se em particular da terminologia da teoria do comando e da teoria da informação. Com isso relaciona-se intimamente a comparação dos processos do campo do objeto de uma única ciência com processos formalmente paralelos estudados por uma outra ciência, em particular a simulação de processos biológicos, psicológicos ou lógicos, através da máquina (cibernética) de transformação de informações16".
A cibernética se define como a ciência geral dos sistemas ou organismos, independente da natureza física dos elementos ou órgãos que os constituem. Estuda, portanto, estruturas de relações entre os elementos e não propriamente elementos em causa, que reduz a certo número de propriedades funcionais, traduzindo essa atitude no denominador esses elementos átomos de estruturas - ou "caixas negras" - segundo a terminologia, adotada pelos anglo-saxãos. A cibernética se coloca, pois, entre as disciplinas gerais do espírito, o pensamento filosófico, a metodologia ou a matemátical7.
Em literatura soviética cibernética é definida como "... a nova ciência de controle finalista e ideal de processos e operações complicadas que tem lugar na natureza viva, na sociedade humana e na indústrial8”.
"A cibernética é o esforço para compreender o comportamento dos sistemas complexos19".
A cibernética almeja colocar-se, como ciência da Totalidade (Ganzheitswissenschaft), sintética e não analítica, à busca das propriedades globais de um sistema ou, mais precisamente, das propriedades resultantes do fato de se tratar de um sistema, conjunto estruturado que ultrapassa a simples soma das partes. O termo "sistema", ou "organismo" associa-se precisamente, a essa idéia de totalidade, de formas globais, correspondendo, no domínio da ação, aquilo que o termo Gestalt traduz, no domínio da percepção ou da comunicação. A interdependência entre as características do sistema, como sistema, a natureza física dos órgãos que o constituem, e que está na base da ciência cibernética, faz aflorar uma ciência de caráter geral, qualquer que seja a natureza de tais órgãos e de tais elementos. Considera-se que a sociometria, ciência que se ocupa de indivíduos reunidos em grupo, a administração ou burocracia, a teoria das mensagens, a mecanologia, ou ciência das maquinas, a filosofia, não são mais que aspectos restritos de uma ciência mais geral dos organismos. Os elementos do sistema considerado são ações ou operações elementares que se encontram reunidas, caracterizando-se por sua função global e sua tipologia (+), contribuindo em conseqüência, para a elaboração de um sistema dinâmico, um sistema de ação que se exerce sobre o resto do mundo e o modifica20.
Cibernética da ação é a ciência das modificações gerais do ambiente, geradas por sistemas de atos estruturados, um sem relação aos outros, de maneira definida. Pode-se tomar de empréstimo, da teoria cibernética geral, um método constante de estudo, que se relaciona àquilo que hoje se denomina "atitude estruturalista", método que consistirá em estudar diferentes tipos de elementos ou "caixas negras", necessários e suficientes para corporificar, quando reunidos, um sistema. …Pode-se dizer que o objetivo da cibernética é o de dominar, ou seja, de compreender um dado sistema, o que se traduz pelas seguintes quatro condições: 1) - conhecer a estrutura interna, em um dado momento; 2) - descrever o conjunto de elementos exteriores, isto é, das ações e reações do sistema circundante… que se manifestam nos limites, ou seja, o conjunto das grandezas físicas medidas nas fronteiras do sistema; 3) - conhecer o estado interior que caracterizam cada uma das caixas negras que constituem o sistema; 4) - ter possibilidade de prever a evolução global do sistema, até um dado momento, em função daquelas mesmas condições de limite, que regem o seu estado interior ou seu estado exterior.21
Como se observa, o estudo de um sistema deve ultrapassar o conhecimento do seu interior e dos seus limites para alcançar o seu entorno - o seu ambiente, por isso, o Sistemismo Ecológico Cibernético que se abebera dos saberes cibernéticos e de outros ramos do conhecimento, traz explicita a abrangência do ambiente no estudo de qualquer sistema, se contrapondo ao que está apenas implícito em outras metodologias.
“Uma das características da cibernética e da teoria geral dos sistemas é que conseguem estabelecer uma área comum entre algumas formas da matemática, principalmente as ligadas à teoria das probabilidades, séries estocásticas, análise topológica, teoria dos conjuntos, teoria dos jogos, etc.. e alguns aspectos de sistema complexos, como os encontrados na ciência da vida, do comportamento e da sociedade. Estas poderão, assim, passar a possui o “rigor" (pelo menos em alguns casos), da matematização, se bem que agora, no campo da probabilística e da topologia, a palavra rigor passa a ter a conotação um pouco diversa22”.
A Cibernética compreende três grandes subdivisões: “A Cibernética teórica, que inclui problemas matemáticos e filosóficos; a Cibernética de sistemas e meios de controle, que inclui os problemas de coletar, processar a produção de informações e também os meios de automação eletrônica; finalmente o campo da aplicação prática dos métodos e meios da Cibernética em todos os campos da atividade humana23”.
A cibernética representaria uma revolução mais ampla, no contexto do pensamento científico contemporâneo e que consiste em estudar os fenômenos como atributos de sistemas organizados. Estrutura a realidade em sistemas e seu enfoque principal está orientado para a troca de informação entre as partes do sistema, isto é, a comunicação.
Estas trocas são mediadas sempre por matéria e/ou energia, portanto, a totalidade das relações entre o sistema e o ambiente respectivo consiste, na realidade, em trocas de matéria, energia e informações, entre qualquer que seja sistema em questão (de natureza física, biológica, tecnológica ou social) e o ecossistema em que está inserido.
"Toda revolução traz consigo transformações, mudanças, crise, sublevação, e também novas estruturas sociais e novos problemas resultantes em muitos casos. A cibernética, seu advento e desenvolvimento constituem em nova revolução, uma segunda revolução industrial que traz em seu âmago novos problemas filosóficos, sociais, econômicos de complexidade nunca antes enfrentados pelo homem24”.
A Cibernética tem grande aplicação na área de saúde.
“A necessidade de eficácia e a necessidade de compreender incitaram os médicos pela cibernética. Contam-se vários médicos entre os fundadores desta ciência; foram empreendidas investigações de medicina cibernética... a medicina cibernética é a que utiliza a cibernética para o diagnóstico, o tratamento e a compreensão de uma doença25”.
"Quer se trate de coletividades animais ou humanas, as sociedades, isto é, essas coletividades desde que estejam organizadas - por pouco que sejam - são sistemas cibernéticos. H. Couffignal chegou mesmo a declarar que uma sociedade de pescadores era um sistema ibernético26”.
Para Idatte27, a contribuição da cibernética não pode ser dispensada, pois segundo Bigelow28, a cibernética é o esforço para compreender os sistemas complexos enquanto, para A. Moles29, é a ciência geral dos organismos, independentemente da natureza física dos mesmos e, para Couffignal30 a cibernética “é a arte de tornar eficaz a ação".
"... Uma verdadeira infalibilidade se verifica no processo, em relação ao objetivo proposto, graças a regulação, a auto avaliação, ao feedback31".
"... Há, todavia, duas virtudes científicas peculiares à cibernética que merecem menção explícita. Uma delas é que ela oferece um vocabulário singular e um conjunto singular de conceitos adequados à representação dos mais diversos tipos de sistemas... a segunda virtude peculiar da cibernética é que ela oferece um método para o tratamento científico do sistema em que a complexidade é saliente e demasiado importante para ser ignorada. Tais sistemas são, como bem o sabemos, mais que comuns no mundo biológico32".
Idatte33 afirma “... a unidade humana, assombrosamente impressionante, é o que exige a nossa visão da física a partir da qual Wiener34 construiu sua visão global da cibernética. Conceito fundamental que surge de tal identidade de procedimentos nos diversos campos a partir de uma noção de um universo probabilístico é a conseqüente e inevitável constatação que o longo das transformações permanentes de nossa realidade marchamos de estados mais prováveis de organização da matéria, reencontrando a noção de entropia que havia sido incorporada à Termodinâmica por Carnot35 - Clausius36, sob o ângulo e aspectos novos, bem como sua relação com a informação".
“A cibernética oferece esperança de proporcionar métodos efetivos para o estudo e controle de sistemas intrinsecamente dos mais complexos37”.
Segundo Idatte38, "a definição que entre tantas outras, parece ser a mais satisfatória, foi proposta por A. Moles39: Ciência Geral dos Organismos, independente da natureza física dos mesmos". Norbert Wiener40, em "Cybernetics or Control and Communication in the Animal and the Machine" formalizou grande parte do pensamento vigente e sugeria áreas potencialmente frutíferas para mais pesquisas. Com a quantificação da transmissão de sinais e a formalização de uma teoria de sistema de controle, amplamente aplicável, tornara-se realidade. Em suas estritas aplicações, a teoria de comunicações e de controle tornou-se um importante fator na tecnologia contemporânea e está na base da segunda revolução industrial. Na primeira revolução industrial, motores primitivos substituíram a energia humana, enquanto o homem realizava uma função de controle. Com a automação, o controle do processo da produção é relegado a servomecanismos, enquanto o operador humano programa, dirige e mantém o sistema automatizado.
Um mecanismo de relojoaria é um sistema fechado, tendo um comando preestabelecido, rígido e invariável durante o desempenho, cujo comportamento é, sobretudo, determinista em relação ao objetivo.
Diversamente do mecanismo de relojoaria, existe o comando auto regulável de um processo, por variação de fatores, a partir dos efeitos finais do próprio processo. É uma regulação por uma função que altera o efeito para alterar a causa e vice-versa. Tal tipo de regulagem é chamado retroação, retroalimentação ou “feedback”.
O “feedback” é o princípio universal da auto correção, da retroação, da realimentação, do reajuste, constituindo um processo organizador da realidade.
Para Aurel David41, o vocábulo “feedback” tem um significado bem mais amplo que retroação, significando também a interação.
"E. Maxwell42, ao estudar um dos mais antigos dispositivos intermediários (o regulador de Watt), deu a este aparelho nome de piloto (governor, em grego: Kubernetes)”.
“O tema da cibernética é como os sistemas se auto- regulam, se auto-reproduzem, evoluem e aprendem. Seu ponto mais relevante é a questão de como os sistemas se auto-organizam43".
Os processos submetidos a um “feedback” por interação são em nossa realidade universal, em nossa natureza, muito mais comuns e presentes que puramente aleatórios.
Ä cibernética, como “ciência do controle abrange três esferas principais: controle dos sistemas mecânicos e dos processos manufatureiros; controle da atividade humana organizada, ou seja, seguros, finanças, comércio e transporte; e ainda, o controle dos processos dentro dos organismos vivos”.
A esta última esfera pertencem os processos fisiológicos, bioquímicos e biofísicos, associados às funções vitais do organismo e cuja finalidade consistem assegurar a sobrevivência desse organismo dentro de um meio em constante transformação44”.
Com Marcelo D.Azevedo45, diríamos que a cibernética tem um ilimitado poder interativo e retroativo. ...A cibernética intensifica de maneira extraordinária, o procedimento interativo e retroativo, base fundamental do próprio fenômeno vital. Capacidade de auto-avaliação, auto-correção ao longo do processo desencadeado, ou por correções cíclicas no mesmo processo, a implantação da automação terá como base vivencial a permanente aferição dos sucessos e insucessos dos processos humanos e sociais, com o seu contínuo aperfeiçoamento e evolução...”.
"... A retroação comum a numerosos sistemas mecânicos, eletrônicos, também é atributo dos organismos sociais. Num sentido genérico, a retroação denota uma parte da saída do sistema (output) que, na forma de energia ou informação, volta à entrada (input). Em outras palavras, um sistema dispõe de dispositivos de retroação quando produz uma ação ou resposta à entrada de informação e inclui o resultado da própria ação na nova informação pelo qual seu comportamento ulterior é modificado46".
Segundo Rapp47, “quando o primeiro processo de feedback" foi construído pela evolução, começou a vida".
A retroação se apresenta em grande número de sistemas mecânicos, eletrônicos, administrativos e constituem atributo dos organismos vivos ou organizações sociais. Retroação (“feedback”) é a volta do efeito à causa, ou seja, é o retorno à entrada de um sistema (“ïnput”) de parte da energia e informação da saída.
“A retroação ou retroalimentação (feedback) são as palavras cunhadas pelos pioneiros do rádio, no início do século” e, "... um sistema dispõe de dispositivo de retroação quando produz uma ação em resposta à entrada de informação e inclui o resultado da própria ação na nova informação pelo qual o seu comportamento ulterior é modificado48".
Através do mecanismo de “feedback” se faz a correção por meio do próprio erro.
“...O que de mais fundamental e importante encontramos naquilo que chamamos de organismo vivo é sua capacidade de auto-regulação, de realimentação que a complexidade de organização dos elementos componentes do organismo manifesta”.Tal regulação ou “feedback”, que caracteriza os organismos vivos e os sistemas processadores de informações, produz aquilo que operacionalmente denominamos de lógica dos efeitos, ou seja, uma espécie de infalibilidade no atingir o objetivo proposto, através do processo desenvolvido e utilizado49.
Como já se afirmou, a Teoria de Informações faz parte da Cibernética e esta, por suja vez, integra a Teoria Geral dos Sistemas.
Estas três teorias (juntamente com outros ramos do conhecimento que lhe deram origem), formam o Sistemismo.
Nós preferimos designá-lo Sistemismo Cibernético, pois a Cibernética é integrante da Teoria Geral dos Sistemas, a qual, acrescida dos conceitos da Ecologia, constitui o Sistemismo Ecológico Cibernético, um construto de nossa autoria, do qual apresentamos, a seguir, o

[editar] Princípio do Sistemismo Cibernético

Em virtude de que um sistema aberto é capaz de efetuar trocas de matéria, energia e informações com o seu ecossistema e, quando cibernético, dispõe de mecanismo de retroação (“feedback”), com vistas a reajustá-lo constantemente, em função da sua teleonomia e, com base no seu próprio desempenho, constitui um dos fundamentos básicos do Sistemismo Ecológico (também Cibernético) e da Enfermagem Cibernética (Teoria Sistêmico-Ecológica de Enfermagem).

[editar] Referências Bibliográficas

1. CHAVES, M.M..- Saúde e Sistemas - Rio de Janeiro – Fundação Getúlio Vargas - l972 p.5-6. 2. WIENER, N. - The human use of human beings (Cybernetics and Society) - New York. Avon Books - l967 - Original editado em l950 por Houg Miffen Company, in Chaves, M.M. - Saúde e Sistemas - Rio de Janeiro - Fundação Getúlio Vargas - l972.p. 5-6. 3. WIENER, N .- Cibernética e Sociedade - Tradução de Paulo Paes - São Paulo - Editora Cultrix. 4. Ibid op cit (1). 5. CARNOT, S. - in GUILLAUMAUD, J. - Cibernética e Materialismo Dialético - Trad. do original francês “Cybernétique et matérialisme dialectique” por Juvenal Hahne Junior e Guilherme de Paula - Rio de Janeiro - Tempo Brasileiro - 1970 - p. 89. 6. Ibid op cit (1). 7. Ibid op cit (3). 8. Ibid op cit (l). 9. COUFFIGNAL, in DAVID, A.- Cibernética e o Homem. Lisboa , Publicação . Dom Queixote. p.10. 10. DAVID, A - Cibernética e o Homem - Lisboa - Publicação Dom Queixote p. 35. 11. Ibidem. 12. PLATÃO, in D’AZEVEDO, N.C. - Cibernética e Vida - Petrópolis - Editora Vozes, l972. 13. D’AZEVEDO, N.C. - Cibernética e Vida. Petrópolis - Editora Vozes. 1972. 14. SAPARINA Y.- A cibernética está em nós. Tradução de Fernando Gouveia - Título original Cybernetics Within Us - Rio de Janeiro - Ed. Saga - 1967, p.08. 15. GORDON P.- Uma Introdução à Cibernética - 2ª ed. - London - l968. 16. FRANK, H. G.- Cibernética e Filosofia - RJ - Tempo Brasileiro, 1970, p. 11. 17. OLIVEIRA. E.J.B.A & OLIVEIRA, E.M.R - Tecnologia Instrumental - Livraria Pioneira - SP, l974. 18. DECHERT, C,R - Impacto Social da Cibernética. Trad. de Adilson Alkimin Cunha- SP - Edições Bloc, 1970 - Cap. I. 19. BIGELOW, in IDATTE, P. - Chaves da Cibernética - Trad. Alvaro Cabral - Rio de Janeiro - Civilização Brasileira. 1972. 20. EPSTEIN, I. et alii - Cibernética. SP, Ed. Ática - Cap. I 21. ________________ - Cibernética e Comunicação - São Paulo - Ed. Cultrix - 1973 - p. 85/86. 22. Ibidem - p. 20. 23. Ibid op cit (20). 24. Ibid op. cit (l3). 25. Ibid op cit (l0) p. 70. 26. IDATTE, P. - Chaves da Cibernética. Trad. de Alvaro Cabral - RJ - Civilização Brasileira, l972.- p. 117. 27. Ibidem. 28. BIGELOW - in IDATTE, op cit (26). 29. MOLES, A. - in IDATTE, op cit (26). 30. COUFFIGNAL, H. - in Idatte, op cit (26). 31. Ibid op cit (26). 32. ASHBY, W.R. - Introdução à Cibernética - São Paulo - Editora Perspectiva - 1970, p. 05. 33. Ibid op cit (26). 34. Ibid op cit (3). 35. CARNOT, in op cit (5) - p. 90. 36. CLAUSIUS, in op cit (5) - p. 90. 37. ASHBY, R. - Introdução á Cibernética - SP - Ed. Perspectiva., l970. 38. Ibid op cit (26). 39. MOLLES, A. - in IDATTE op cit (26) . p. 61/62. 40. Ibid op cit (3). 41. Ibid op cit (l0). 42. MAXWELL - in op cit (5) - p. 97. 43. Ibid in op cit (1). 44. Ibid op cit (l4). 45. Ibid op cit (l3). 46. Ibid op cit (20). 47. RAPP, H.R. in D’AZEVEDO, M.C. - Cibernética e Vida - Ed. Vozes, l972. p. 40. 48. Ibid op cit (20). 49. Ibid op cit (l0).